Descartes deu o mote. A filosofia deste deste espaço é antes de mais dedicado ao sonho, às duvidas existênciais à escrita e ao prazer da leitura, um blog onde a actualidade não pode deixar de estar presente.




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Encantos do longínquo Vietname

(Uma das coisas que gosto é revisitar antigos textos meus, sobretudo antes de se encontrarem a um pequeno passo de serem publicados. Reli e gostei. Partilhando novamente convosco, esperando que gostem e lhes abra o apetite.)



...Ernesto encontrava-se naquele preciso momento a chegar, cansado do longo caminho que teve de percorrer. Levantou a cabeça admirando a fantástica paisagem que se abria à frente dos seus olhos, era como se estivesse a viver um sonho, sim o que dali via, assemelhava-se mais a isso de que a outra coisa qualquer. Após recuperar ligeiramente o fôlego, pensou num banho quente. Só mesmo isso o faria, voltar à estrada, olhou uma placa de madeira, que havia numa bifurcação do caminho, seguiu para Haiphong.

(foto de autor desconhecido)
Havia sido feita uma reserva num hotel de duas estrelas, tinha que procurar na sua agenda o nome estranho que lhe tinham indicado. A partir daí iria fazer pequenos raides e voltar para descansar, até dar concluído o seu trabalho. Finalmente chegou, disse para si tentando animar-se um pouco

“Nada mau, para quem quer um banho quente e uma cama para dormir.”
Uma vez aí chegado, ficou por lá dois dias para recuperar do desgaste provocado pela viagem a pedal que fizera. Pedalar não era bem o seu forte. 

Aproveitou a manhã seguinte para conhecer e fazer mais umas fotos, embrenhando-se pelo emaranhado de ruas, onde proliferavam vendedores ambulantes, com tudo que o mar e a terra lhes dava, num colorido fantástico com os seus cestos de vime, espalhados desordenadamente junto às pedras do cais. Ao fundo os característicos barcos nas águas calmas e tranquilas, velas erguidas, bem garridas, coloridas, cores fortes, na maioria cor de laranja alternando com vermelhas, contrastando com aquele azul esverdeado das águas, um verdadeiro paraíso.

Caminhou até junto ao paredão, onde estavam ancorados, indiferentes a tudo, uns com turistas outros carregados de caixas de rede com aves. Ernesto percorreu cerca de quatrocentos metros de calçada, dali para a frente, a cidade continuava, mas dentro de água. Erguiam-se casas de madeira assentes em cima de cascos de barcos velhos, flutuando ao sabor do vento num bailado de embalar, podendo passar-se de uns para os outros, lembrando um pouco a cidade de Veneza e os seus famosos canais, atravessados por pequenas pontes, aqui representadas por estreitos estrados de madeira, por onde corriam apressados, homens com varas às costas, com um recipiente de cada lado num equilíbrio perfeito. 

Pegou na sua máquina e foi registando o que lhe ia chamando mais a sua atenção. Para onde quer que olhasse os seus olhos abriam-se de espanto, tudo tão calmo, tudo em harmonia. Não se atreveu a ir mais além. Talvez se arranjar um pequeno bote a remos, os possa visitar. Pouco a pouco deixou os olhos seguir as aguas calmas, olhando para cruzeiro que se preparava para partir.
(Foto de Autor desconhecido)              




Voltou de novo para os lados do mercado, ainda sentia uma irritante dor no gémeo da perna direita, provocada pelo esforço. Atravessou o mercado percorrendo em sentido inverso ao que tinha feito, quando os seus olhos viram Phung Thi, uma jovem vietnamita com tez clara, mãos a trás das costas, olhar distraído, chapéu típico cobrindo o seu rosto aberto sobre os ombros, com um lenço entrelaçado à volto do delicado pescoço, para Ernesto que deu consigo a tirar um retrato à jovem que não teria mais do que vinte anos, sorriu para ela desconcertado, o seu sorriso saiu-lhe algo nervoso, quando descobriu aqueles lindíssimos olhos verdes. Sentiu um baque, pensando para si.

“Uauu… fogo…”. A rapariga era dona de uma beleza estonteante, possuía uma mistura exótica com um ar de elegância, fora do comum.
Sorriu para ela, um pouco atrapalhado, dizendo-lhe no seu inglês, na esperança de poder falar com ela. Sou da APW, espero que não se importe.

Ela sorriu-lhe ele ficou um pouco mais tranquilo aproximando-se dela. Ela fez-lhe uma ligeira vénia como cumprimento, dizendo simplesmente
“Eu sou Phung Thi…”


Aquela resposta, se bem que ambígua, deu para entender que falava inglês com uma estranha pronúncia.


O meu nome é Er- nes-to! Soletrou devagar para que ela entendesse.


“Americano?” Perguntou mostrando boa disposição, parecendo que finalmente encontrara também algo que lhe atraiu naturalmente a atenção.


“Não, sou Português…” Respondeu com convicção.


“Nunca ouvi falar…”






   (Foto de Cristopher Bradford)


Excerto do Livro Potsdamer Platz/ O ultimo segredo de Hitler
de António Gallobar

5 comentários:

  1. aNTONIO QUE BELLO,POR FAVOR!!!!
    TU SABES QUE TE ADMIRO,PERO VA MAS LEJOS MI EMOCIÓN!
    UN ABRAZO,BESO
    LIDIA-LA ESCRIBA

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  2. en Paris!!!!! TE ENVIDIO!!!!
    BESOS
    LIDIA-LA ESCRIBA

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  3. Um texto que só serviu para dar vontade de ler mais, de saber como continua. Muito bom, Antonio!
    Abraço!

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  4. Pois é, António. Umas paisagens de sonho e o romance quase, quase, no fim. Perfeito!

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