Descartes deu o mote. A filosofia deste deste espaço é antes de mais dedicado ao sonho, às duvidas existênciais à escrita e ao prazer da leitura, um blog onde a actualidade não pode deixar de estar presente.




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Trinta e oito anos de Liberdade





foto de autor desconhecido
No dia 25 de Abril comemoramos uma vez mais a revolução dos cravos neste pequeno país de poetas neste jardim à beira mar plantado. Os nossos bravos militares foram os protagonistas dessa enorme façanha; derrubaram o regime de partido único de direita fascista sem haver lugar a derramamento de sangue, pondo dessa forma cobro a quarenta e oito anos de ditadura de Salazar a Marcelo Caetano, regime marcado fortemente por medos e perseguições da policia politica designada por PIDE/DGS que peneirou toda a sociedade; quarenta e oito anos marcados pela pobreza mas também pela guerra que levou os nossos jovens para o Ultramar para defender o que lhes diziam ser a intigridade da Pátria.

Foram lutar e morrer ingloriamente contra as naturais aspirações dos povos (Angola Moçambique Caboverde Guiné e Timor) aspiravam justamente à sua auto-determinação e também  eles sofreram com as malditas ideias do Estado Novo e por isso quando a liberdade chegou foi recebida por todos de braços abertos, todos augurando um futuro melhor. Hoje essa mesma liberdade está em festa faz trinta e oito anos que se esperavam fossem de prosperidade sobretudo para os mais pobres, mas parece que a história que hoje constatamos não é bem essa.
Com a almejada Liberdade, veio a independência das colónias, também sofreram guerras e misérias por não ter sido possível fazer uma transição condigna que salvaguardasse os interesses deles em primeiro lugar mas também dos Portugueses que tinham a vida e os negócios lá montados; mas na fúria revolucionária não houve tempo para se pensar em nada. Milhares regressaram só com a camisa no corpo dando lugar a uma migração sem precedentes na história deste País, com os célebres "retornados", o Estado teve que os ajudar, era aliás a sua obrigação para que conseguissem voltar a levantar a cabeça, começaram as dificuldades e como seria expectável o célebre ouro do Banco de Portugal começou a mirrar, hoje já ninguém fala disso, nessa altura havia muito ouro nos cofres.

A partir daí começamos a olhar para o nosso próprio umbigo a ter que começar a contar tostões os Portugueses sempre estiveram afinal habituados a contá-los; alguém nos disse que a CEE (Comunidade Económica Europeia) era o futuro, e sem que novamente pense-se-mos duas vezes, Portugal passou a integrar o clube dos ricos, com a abolição das fronteiras os Europeus passaram a poder movimentar-se livremente, mas não foram só as pessoas que se puderam mover, foram sobretudos as mercadorias começando o descalabro para esta frágil economia; pensamos que da Europa viria a salvação uma vez mais; a troco de uns trocos, espertos os senhores da Europa pagaram-nos para deixarmos de produzir, sobretudo na agricultura e pescas impondo-nos sucessivamente cotas para limitar a produção  sobretudo no que eles precisavam de escoar,  pagando-nos para abandonarmos os campos e o mar, para abatermos a nossa frota pesqueira que poderia hoje ser a nossa salvação. Pagaram para que nos tornássemos dependentes para poderem ganhar dinheiro com a nossa fraqueza.

Estranhamente os nossos políticos (temendo um não) nunca  perguntaram a este pobre povo; nem hoje teriam, hoje mais do que nunca era preciso, era preciso que perguntassem se era isso que queríamos ou que queremos; mas sempre que a questão se levanta levantam-se igualmente os fantasmas de sempre, avisam-nos do descalabro que isso representaria. Sempre os papões de sempre, mas o que há pior do que ter o povo a sofrer e não quererem saber.

Hoje temos esses senhores que mandam na Europa e no mundo, e que nos fazem o especial favor de emprestar dinheiro ao Estado Português  a juros cinco ou seis vezes superiores ao que os bancos nacionais contratam ao Banco Central Europeu, pergunto, quem entende isto?  Quem é que está a ganhar dinheiro com as nossas dificuldades... Será caso para dizer, que grandes sócios arranjamos; o que eu acho é que este pobre povo se põe mesmo a jeito… em vez de dar um murro na mesa não se resignando, como se tudo isto fosse inevitável. Hoje temos dificuldades várias a começar pela policia, a prometer tolerância zero às manifestações que esperam cada vez mais intensas, temos fome e desemprego grassando pelo país de norte a sul e temos liberdade dirão alguns.

Temos? Pergunto eu inconformado acrescentando, mas… até quando.

Como por magia veio-me à cabeça uma antiga canção revolucionária:
foto de autor desconhecido
“A paz, pão, habitação, saúde educação…
… só há liberdade a sério quando houver
…Paz, pão habitação, saúde educação. “

Pensem nisto, pensem sobretudo no que leva pela primeira vez desde a revolução a que a Associação 25 de Abril que representa os Capitães de Abril se afastem das comemorações na Assembleia da Republica (acto simbólico evidentemente mas sintomático de crescente desconforto); os tempos são exigentes e vai ser preciso muita inteligência para levar este País a um porto seguro. Acredito piamente que um dia destes iremos trocar esta liberdade por um homem com pulso que leve este país para a frente, digo-o temendo e com o coração apertado.

Viva a Liberdade!


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